quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Se eu pudesse dar só uma dica...

Alô Alô! Eu tô de volta!

Fiquei mais de um ano sem postar nada; tímida, acanhada, quieta. A vida
às vezes faz a gente ficar assim. Mas voltei cheia de saudade e de vontade de contar mais histórias, reflexões e maluquices.

Aí vai mais uma:

Ah...os áureos anos da juventude! Saúde, energia, beleza e uma vida inteira pela frente... Receita perfeita de felicidade!

Será?

Cansamos de ouvir deles, mais velhos, de todas as idades, sábios ou saudosos: "olha, aproveita enquanto você é jovem", "APROVEITA, enquanto você é jovem", "aproveita, ENQUANTO você é jovem", "APROVEITA, ENQUANTO VOCÊ é JOVEM!!!". Isso fica na nossa cabeça e vai se repetindo, até a gente achar que cada segundo que passa é mais valioso que toda a fortuna do mundo. Ahh mas eles passam tão rapidinho, um atrás do outro... Não dá nem tempo da gente definir qual a melhor maneira de bem vivê-los, sabe?! Parece que o problema está justamente em sermos inexperientes demais para avaliar e administrar essa tal fortuna temporal, ou temporária.

Pelo que dizem, o óbvio seria a gente viver nadando num mar de alegria todo o tempo, celebrando a sorte de não ter tantas dores, tanto problemas e etc. Aí, quando sofremos por qualquer motivo acabamos nos sentindo incapazes dessa tarefa tão fácil que é ser jovem e sua incumbência primeira: ser feliz.

Além das expectativas depositadas em nós pelos mais velhos, temos também os nossos próprios sonhos. Aqueles gigantes malvados que, de tempos em tempos, mandam uma cobrança.

Não! Ser jovem, meus caros, não é tão sossegado e maravilhoso quanto vocês se lembram!

Se passamos pelo desafio de finalmente descobrir o que queremos ser na vida, entramos no desafio de conseguir sê -lo.
Se temos o privilégio de poder sonhar com um futuro brilhante, sofremos por não saber como construí-lo - e se estamos no caminho certo e se teremos sorte e se teremos coragem e se teremos dinheiro... E principalmente, se tudo vai dar certo no final.

A gente acha que vai saber mais a cada período da faculdade e quando ela acaba pensamos:
"ué? Mas e todo o resto que falta eu aprender?" Calma! Calma! O chefe bonzinho do seu primeiro emprego vai entender que você acabou de sair da faculdade e pacientemente vai te explicar tudo que você não entender. An-ham!!!

Sei lá... talvez o problema seja que nós mesmos esperamos mais de nós. Queríamos já saber tudo, já ser os melhores, já ser sucesso total e aí nos frustramos.

As incertezas nos acompanham o tempo todo e, se por um lado queremos começar a tomar nossas próprias decisões, por outro ainda nos sentimos muito inseguros para nos livrarmos dos pitacos alheios e das asas super-protetoras dos pais. Aí tem aquele monte de gente, que com boa intenção mas pouco senso, acaba enrolando ainda mais nossas cabecinhas, jogando pra cima de nós suas próprias frustrações.

Haja força para continuar acreditando nos nossos sonhos, não desistir dos nossos objetivos e ter esperança nessa vida, em meio a uma rotina de trabalho pesada ou uma proposta de emprego que demora a chegar.

Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro para mim mesma e para outros jovens como eu, seria algo muito mais protetor e eficiente do que o filtro solar do Pedro Bial: ter fé.

A única coisa que me faz respirar tranquila quando tudo parece fora do lugar, a única coisa que me mantém forte quando o que eu esperava não acontece, a única coisa que sustenta minha esperança com o passar do tempo: a fé.

Motivo também para sorrir corajosamente nos momentos difíceis e com mais significado nos bons momentos. :)

Ter fé! Fé na única coisa que é maior que todos os sonhos e toda a fortuna do mundo e não está na nossa vida de passagem como a juventude e as dificuldades. Fé em Deus.

E assim se encerra a necessidade de mais palavras.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Para sempre cineasta

Lá estava eu de novo, no meio da platéia, prestes a assistir meu filme. Anunciaram no microfone, algumas pessoas se ajeitaram para ver melhor, a luz foi apagada e o documentário começou a passar...


Nessa hora, geralmente, tenho vontade de desaparecer na escuridão. Meu coração palpita de um jeito que eu tenho certeza de que as pessoas em volta podem ouvi-lo! Eu sinto como se, ao verem meu filme, todos estivessem olhando pra mim.


Todo esse drama porque, trabalhos como esse me consomem muito, tomam todo o meu tempo e levam consigo meus pensamentos, minhas paixões e as coisas que mais tenho vontade de comunicar. Fora isso, fico pensando que eles acabam servindo para revelar se eu tenho ou não talento para a profissão que escolhi. Tudo isso lá, exposto, para o julgamento e apreciação do público. Não é fácil... E se ninguém entender? E se dormirem no meio? E se acharem super chato? E se acharem muito mal feito????


Mas dessa vez, eu não estava tão nervosa, nem tão concentrada na reação do público.


Enquanto o documentário passava, minha cabeça viajava, sobrevoando lembranças, tentando entender como é que eu tinha conseguido terminar aquele filme, depois de tanta confusão. Eu só tinha um pensamento naquele momento: "como é que eu vim parar aqui, na frente de tanta gente?"


Antes mesmo da minha chegada de volta ao Rio, me foi pedido para fazer um documentário sobre os 25 anos de uma comunidade religiosa aqui do Recreio. Desde o início eu me empolguei muito com a idéia mas, imersa nas minhas preocupações em arranjar logo um estágio e passando por crises existenciais diversas (rs), enrolei demais para começar a pensar sobre o trabalho.


Minha vida tinha mudado muito, aqui no Brasil. Eu via meus amigos trabalhando, se formando e eu, apesar do bom currículo, sem conseguir o estágio dos sonhos e sem fazer nada de muito produtivo. Isso me frustrava pro-fun-da-men-te. Como assim não tinha uma SUPER oportunidade, só me esperando chegar dos EUA? Em Hollywood estava indo tudo muito bem: fazendo filmes, escrevendo, dirigindo, indo a festivais, estagiando nas empresas mais sinistras da área, trabalhando muito...eu me sentindo em ascensão. Voltei pra cá cheia de expectativas, convencida de que estava no caminho certo e de que, fatalmente, seria bem sucedida aqui também.(hehehe) Essa volta ao Brasil e a falta de perspectiva, me deixou totalmente perdida e insegura em relação à minha escolha profissional.

Então, preocupada com a falta de oportunidade e com o futuro da minha carreira, ao invés de começar a planejar o documentário eu só conseguia pensar:


AONDE EU ESTAVA COM A CABEÇA QUANDO DECIDI FAZER CINEMA???
Pooooor queeee eu não fiz medicina, engenharia, economia???


Que idéia é essa de querer fazer aaaarteeee?


Que angústia!


Bom, voltando ao filme...
Eu sempre quis fazer um documentário com personagens humildes que, na simplicidade de suas palavras, ensinam tantas coisas. E sempre quis também, fazer um documentário sobre a fé das pessoas - porque é uma coisa que me fascina muito. Ou seja, a idéia de fazer esse filme contando a história dos 25 anos da Igreja do meu bairro, me deixou com a faca e o queijo na mão, mas ao invés de trabalhar, eu gastava meu tempo "cortando os pulsos".


Com algum tempo já perdido, resolvi começar a filmar sem planejamento mesmo. Eu não tinha a me-nor idéia de como faria aquele documentário, não tinha no----ção de como contaria aquela história ...mas, comecei.


Totalmente perdida, sem saber o que estava fazendo e porque fazia, fui filmando sem conseguir imaginar onde ia chegar com tudo aquilo. Mas aos poucos foram surgindo no caminho uns sinais a indicar que eu podia continuar em frente. Comecei a perceber a força e o apoio que as pessoas me davam, e isso foi essencial para que eu não desanimasse!


Nesse trabalho, eu era produtora, diretora, câmera, entrevistadora e todo o resto da minha equipe. Mas ao meu lado, em praticamente todas as gravações estava a minha mãe. Quando eu precisava rapidamente trocar de fita, quando eu precisava me hidratar depois de horas em pé andando pra lá e pra cá no maior calor, ou quando eu, simplesmente, precisava de uma companhia para me deixar com menos vergonha - porque documentário é sempre um pouco invasivo. Eu tinha que filmar o trabalho das pessoas ou seus momentos de intimidade com Deus, isso, no início, me deixava meio constrangida. Mas o mais importante é que a simples presença da minha mãe, não permitia que eu me sentisse só. Eu estava perdidíssima, tanto no trabalho que fazia, quanto, como já contei, no rumo profissional que tomaria, por isso, nada como alguém para caminhar com a gente mesmo quando não sabemos pra onde ir...


Na maioria das filmagens eu me tocava das coisas que precisava, em cima da hora, sem me dar tempo de preparação para conseguí-las. Como se tratava de uma comunidade católica, filmei algumas procissões da Semana Santa. Na primeira delas, estava lá, pronta para começar a caminhar "com o povo", quando percebi que precisaria de uma imagem do alto, mostrando o grupo todo unido. Passei o problema para um amigo querido, que também me ajudou em muitos momentos, mas àquela altura do campeonato era impossível conseguir um prédio, que pudesse subir para filmar. E a procissão começou a andar.... ai meu Deus!!! Fui atrás dela fazendo outro tipo de imagem, correndo de uma lado pro outro para pegar todos os ângulos, quando minha mãe aparece para me salvar: "sobe no nosso carro!" Que maluquete! Eu até tinha pensado nisso antes, tinha achado nosso carro alto o suficiente para o momento, mas achei que a minha mãe nunca permitiria uma coisa dessas...hehehe Ela deixou, eu subi e consegui as imagens que queria.


Passado o erro, na outra procissão lá estávamos nós na cobertura de um prédio.


Aliás, aprender com os erros, foi a lição mais difícil que esse trabalho me ensinou.


Eu tenho dificuldade de aceitar meus erros em qualquer coisa. Tendo, então, escolhido uma profissão um pouco menos valorizada no Brasil e um pouco mais difícil de se conseguir espaço, não me permito errar de jeito nenhum...No meio da crise em que me encontrava, qualquer errinho reforçava o meu desespero e vontade de desistir.


Continuando as filmagens, comecei a ter um desenho na minha cabeça do que seria o filme. Um dia, fiz duas entrevistas muuuuito boas, cheias de emoção, uma seguida da outra. Foram tão boas que me fizeram lembrar da paixão que tinha me colocado alí, a paixão de estar com a câmera na mão, querendo criar alguma coisa. Voltei a fita várias vezes e fiquei revendo essas entrevistas na maior empolgação.


Mais tarde, naquele mesmo dia, fui gravar outras coisas, quando, pela primeira vez, uma das pessoas pediu pra se ver na câmera. Eu rebubinei a fita, passei do ponto, e lá estava a triste constatação: PUUUUTZ! EU TINHA ESQUECIDO DE DEIXAR A FITA NO PONTO, tinha gravado por cima. Aquelas imagens eram as minhas pérolas, as minhas super entrevistas; pessoas emocionadas, vozes tremidas, momentos que não se repetem. Minhas preciosidades tinham se perdido. Só me restou o começo de uma e o final da outra.


Eu não conseguia entender como eu podia ter dado aquele mole. Me dei taaanta bronca. Não havia o que me convencesse de que erros acontecem e de que o meu filme não estaria arruinado por causa daquilo. Só conseguia pensar "Eu não nasci pra isso, eu não sou boa nisso".


Mas...no meio do trabalho, eu não podia desistir. Era um compromisso...então, continuei em frente. As filmagens me alegravam muito, quanto mais eu filmava mais eu via o filme na minha cabeça e mais eu me apaixonava por ele. Logo eu estava totalmente entregue ao trabalho. Dia e noite, a qualquer hora eu estava gravando e descobrindo aquela comunidade maravilhosa - da qual faço parte há 10 anos. Sem tempo pra mais nada, cheguei a ficar agradecida por não ter um estágio naquele momento; dessa forma, podia me dedicar totalmente àquilo que foi me fascinando cada vez mais.


O bom de se tratar de um trabalho sobre a Igreja, é que, em todas as gravações, tinha alguém pra dizer: "Vou rezar por você. Vou rezar por esse filme e pra que você seja uma cineasta maravilhosa". Aiii que bom! Deus os ouça! :)


Além da família, alguns amigos também me ajudaram muito, nas horas em que eu realmente não podia me dividir em várias. Chegavam pra mim dizendo "Déia me fala, como eu posso te ajudar?". Se colocavam à disposição e atendiam aos meus pedidos mais malucos. Alguns deles, passaram quase um dia inteiro num estúdio gravando as músicas que eu precisava pra por no filme. Cantaram como eu pedi, sem questionar, mesmo quando o pedido foi "canta essa música só murmurando." hehehe. Acho que eles realmente confiavam em mim.


Enquanto as pessoas me davam força e acreditavam no meu trabalho, eu ainda tinha minhas dúvidas. hehehe Comecei a capturar as primeiras imagens e entrei em pânico novamente! Eu nunca tinha trabalhado muito como câmera antes. Então.. algumas imagens estavam tremidas, algumas eu não me fixei na cena o tempo necessário e algumas eram simplesmente feias - mal enquadradas. Outra vez: "Eu não nasci pra isso, eu não sou boa nisso".


Mas, tudo bem... eu continuava, continuava, continuava. Vendo os erros eu fui melhorando o enquadramento, as tremidas e o tempo de cada cena. As novas imagens eram lindas e eu cheguei a me arrepiar várias vezes. Ahhh, fazer filme é bom demais!


Faltava um mês para a apresentação quando eu decidi capturar as primeiras fitas. Aí, o novo problema: eu tinha gravado 10 horas. DEZ HORAS para um filme que deveria ter no máximo 20 minutos. Que loucura!


De novo, eu me sentia incapaz..."Devia ter me planejado! Quem faz um negócio desse, filmar isso tudo pra um tempo tão pequeno de video. Como que eu vou fazer isso?"


A edição foi muito difícil. Eu não sabia por onde começar...juntava uma coisa com a outra e não gostava. Começava, apagava, recomeçava...umas duzentas vezes. Me sentia sem inspiração... Eu sei, vocês devem estar me achando maluca: "ué você não disse várias vezes que já tinha a idéia na cabeça?" Siiiim, mas esse é justamente o problema maior de se fazer filme, realizar o que você vê na sua cabeça, quadro por quadro. Fora que, não bastava eu seguir meus planos se eles na realidade não me agradassem e não me emocionassem quando eu assistia. Eu estava longe de chegar aonde eu queria com o filme. Tentava me manter calma...nesse ponto eu já acreditava que em algum momento eu conseguiria, eu conseguiria. Com certeza.


Meu pai... nem sei direito como contar a participação dele nessa história toda. Se eu fosse ele acho que já teria dito pra mim: "minha filha, que idéia é essa de querer fazer cinema? Isso ai não vai dar certo não. Faz outra faculdade pelo amor de Deus" Meu pai é engenheiro, fez concurso e trabalha no mesmo lugar desde que se formou. Tem segurança, estabilidade e responsabilidades seríssimas em seu trabalho. Mas ele da tanto valor à minha escolha como à tudo o que eu faço. Foi ele que comprou a câmera que eu segurava e as caixas e caixas de fita que eu fui usando sem experiência. Ele é realmente meu herói e me salva das minhas enrascadas, sem eu nem precisar pedir. "Filha, não é melhor comprar mais fitas logo? Filha, trouxe outro cabo pra você ver se funciona melhor." Ele é demais!


Enquanto eu editava, ele ficava ansioso, esperando qualquer pedacinho de filme pronto para poder ver. Toda hora ele passava: "Já tem alguma coisa pra eu ver?". Quando eu conseguia fazer alguma coisa, eu mostrava para ele e minha mãe opinarem... Mas não sei se dava muito certo, porque eles sempre amavam. Eu refazia por minha conta e risco.


Quando eu consegui fechar o clipe inicial do filme, fiquei quase bem satisfeita...hehehe :) Mas, depois disso, fiquei um tempão bloqueada, sem conseguir avançar. Eu ficava um tempão em frente ao computador e mesmo quando saía me angustiava querendo voltar pra trabalhar no documentário mas não adiantava, não conseguia evoluir na edição.


Faltando duas semanas eu continuava só com o começo e uma partezinha do meio...Meu pai, que percebeu que estava demorando demais pra eu ter uma parte nova para mostrar, resolveu tentar me ajudar. Tadinho. Ele devia estar angustiado,por tabela com a minha dificuldade. Pegou toda a sua engenharia, uma folha de papel e uma caneta e falou: "filha vem aqui. Deixa eu te explicar uma coisa. Quando a gente tem um projeto, a gente tem que pensar no tempo que temos para realizá-lo." E ai começou a me explicar toda a sua metodologia de trabalho, me mostrando que eu tinha que me programar para ter 30% do trabalho pronto em tal dia, outros tantos por cento no outro dia e assim gradualmente até chegar à conclusão.


Foi uma explicação e, realmente, um ensinamento que eu guardei, mas o problema é que eu não tinha como programar as porcentagens se o meu processo criativo não acontecia. E eu entendo que para ele isso era difícil de compreender.


Não era simplesmente juntar uma cena com a outra, nem simplesmente contar uma história...eu precisava fazer as pessoas sentirem como foram os momentos de dificuldade, os momentos de vitória. Eu precisava transmitir o significado de tudo o que as pessoas estavam contando. Fora isso, tem sempre a preocupação de entreter, prender a atenção, emocionar...tocar as pessoas. E eu realmente acredito que essa equação resulte em arte. Eu realmente acredito que o cinema, feito assim, com paixão e inspiração seja arte.


Resumo da história, eu editei a maior parte do filme nos últimos quatro dias. Sem comer direito, sem dormir, sem levantar da cadeira para absolutamente nada. Passei os dias de camisola. Perdi aula, perdi prova...só importava mesmo o documentário ficar legal. Os 4 dias de maior produção contam com o dia da apresentação do filme. Eu fui para o evento levando o meu computador para poder gravar o DVD!!!!! (louuucuraaaa!!!!! eu sei. hehehehe)


Mas no final, tudo se encaixou. Inclusive os pedaços restantes das minhas super entrevistas (aquelas que acabei gravando coisas por cima). O trabalho que era pra ser de 20 minutos, acabou ficando em 30 minutos.

Foi justamente quando eu estava desanimada quase parando que eu consegui me superar! Fiz o meu filme mais longo, de maior conteúdo, com o maior número de entrevistados e o mais comentado até aqui. Sem dúvida, o maior dos meus desafios e o que mais me fez aprender.

Depois de pensar nisso tudo, ouvi os aplausos de todos, as luzes se acenderem e logo algumas pessoas virem me cumprimentar. Os rostos vermelhos e os olhos ainda molhados eram a resposta que eu mais precisava.


Valeu a pena!! Valeu a pena todo o esforço, toda a dedicação, as 10 horas gravadas, todas as crises e principalmente todas as dificuldades!


Os elogios feitos por amigos e pela família são ótimos, mas - eles que me desculpem-, nada como o reconhecimento dos desconhecidos. Chegou a mim, finalmente, a resposta que eu tanto busquei no período de produção, "Olha menina, você nasceu para isso, vai viver disso e vai viver bem." Incrível!


O filme continua a ser exbido na Igreja, algumas pessoas gostaram tanto, que quiseram comprar o documentário. Por isso ele agora será vendido na Paróquia. O que me deixa extremamente feliz. Até porque...se nada der certo, pelo menos em algumas casas, eu sempre serei uma cineasta! :)


"I am still far from being what I want to be, but with God's help I shall succeed"
Van Gogh

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ser ou não ser "chicleteira"? Eis a questão...

Há mais ou menos um mês, meu irmão veio me falar que ia ter show do Chiclete com Banana no Rio Centro.
- Quer ir?
Eu que, desde a primeira sexta feira de volta ao Rio, não consigo recusar nenhum convite de saída, principalmente as de estilo mais brasileiro, nem pensei e respondi logo que sim.
- Claroooo. Chicleteee!

Quase seis anos passaram desde a última vez que eu fui a uma micareta. Na primeira vez, eu era super nova - nova até demais pra esse tipo de evento - mas cismei que queria sair pra algum lugar diferente. Foi só ouvir meu irmão dizer que ia no Cerveja e Cia (trio da Ivete), pra eu querer ir também. Coisa de irmã mais nova que quer fazer tudo o que o irmão mais velho faz, sabe?!

Na época, minhas amigas mal sabiam o que era uma micareta e, por isso, nessa primeira, fomos só eu e mais uma amiga, que acabou entrando na onda da minha empolgação. Me lembro perfeitamente da gente chegando lá e vendo aquelas pessoas bem mais velhas, mais altas e bem mais fortes do que a gente estava acostumada.rs Nós duas ficamos até meio assustadas.

Eu só pensava: "o que é que eu estou fazendo aqui?!?!?". hehe E minha amiga, provavelmente pensava: "onde a Andréa foi me meter".

Chegamos ao evento super cedo e conseguimos entrar sem problemas, apesar da idade. Antes do show começar, um DJ tocava músicas bahianas enquanto as pessoas bebíam e se beijavam daquela maneira tão...informal e desinteressada. Quase a mesma coisa dos outros lugares só que diferente - com quê de carnaval. Nós duas, ríamos e abstraíamos o que não podíamos entender. Relaxamos e começamos a nos divertir também, da nossa maneira. Até chegar uma hora que a gente realmente começou a achar que estava demorando muito pro show começar, e o resto já tava cansando. Impacientes, sentamos para continuar a espera.

De repente, quando nós ensaiávamos um desanimo, uma voz super, ultra, mega poderosa invadiu o lugar: "MEU PLANETA DEEEEEEEEEUS!!!!! Sou Adão e você seráááááá..." Levantamos no mes-mo instante. A empolgação era inexplicável, indescritível e inesquecível, nos empurrou pro meio das outras pessoas.

Não tinha efeitos especiais, não era um lugar bem estruturado. Era um chão de pedra coberto apenas pelo céu e suas nuvens. Mas aquela voz, aquelas pessoas pulando e o trio passando no meio, recarregaram nossas energias, nossas expectativas e nos fizeram entrar na dança. Nos empolgaram e envolveram a noite toda!

Cara...É diferente! A música baiana é diferente. É uma alegria diferente, é uma emoção diferente. As pessoas dançam mais livres, menos preocupadas e com mais energia, extravasando o que sentem. Nesse tipo de show, só pode ir, quem sabe brincar.

Nós gostamos tanto, que acabamos indo a várias outras micaretas e conseguindo cada vez mais meninas para ir com a gente!

Mas essa fase "micareteira" passou logo. As micaretas começaram a virar moda e eu, por esse e outros motivos, parei de ir. Mas sempre guardei excelentes lembranças de todas as que fui! E digo mais: "êêê saudaaaade que bate no meu coração"

Foi nesse espírito nostálgico e alegre que eu recebi o ingresso do Chiclete, do meu irmão que carinhosamente, tinha comprado pra mim. Tudo ía bem até eu começar a comentar com algumas pessoas sobre o assunto. Aí veio a crise! Primeiro, a maioria me falou: "po Déia, o público das micaretas ta muito diferente" e outros, apenas por que nunca gostaram mesmo desse tipo de show começaram a me questionar:
- Você? Vai no Chiclete com Banana?
- Ué qual o problema? eu sempre gostei.

O engraçado é que, depois da fase pop, veio a decadência das micaretas, e as pessoas que tinham passado a ir, pararam de frequentar e começaram a falar mal do negócio. Eu, estava tranquila, até ouvir muuuuita pilha contra e perceber que a grande maioria dos meus amigos mais próximos, de hoje em dia, achavam que eu estava viajando por querer ir numa micareta a essa altura do campeonato. Como fiquei muito tempo fora do Brasil e muito mais tempo fora da “fanfarrice” comecei a me questionar também. Será que realmente seria muito ruim?! Será que não tinha nada a ver mesmo eu ir?!

Mas peraí, eu confio nos gostos e no estilo de vida do meu irmão e da namorada dele, se eles íam não podia ser ruim. Só que eu não pensava neles. Simplesmente esquecia que eles estavam do meu lado.

Sexta a noite, o Fábio – meu irmão - me mandou uma mensagem pedindo que eu fosse pegar os abadás. Ai comecei eu a criticar o negócio; não é que eu tinha até esquecido que estava indo a um evento onde todos os homens estão de “blusa regata” (hehehe) e as meninas rasgam as blusas como podem na tentativa de se vestirem "melhor". Essa parte realmente não faz muito meu estilo...rs Mas e daí?! Que besteira! A essa hora meu pensamento já estava contaminado pelo preconceito alheio e eu queria cada vez menos ir no show.

Mas eram 130 reais. Não dava pra desistir assim fácil.

Quando fomos procurar os convites para pegar os abadás, percebemos que faltava um. Procura daqui, procura de lá e nada do ingresso aparecer. Meu irmão falou "a Andréa não guardou o dela na carteira dela?". Eu lembrava de ter deixado com ele, mas achei que ele podia ter razão; afinal, se não estava lá, tinha que estar comigo. Depois de olhar na carteira e não encontrar, lembrei de uma coisa terrível: no dia anterior, eu tinha jogado fora vários papéis que estavam lá ocupando espaço à toa. Um daqueles pepéis, em especial, me lembrava muito o jeito do convite. Fiquei arrasada por ter jogado 130 reais no lixo de bobeira. Que absuuurdo! Mas lá no fundo, beeem no fundo - devo confessar - pude sentir uma pequena pontinha de alívio! Pelo menos eu não ia poder mais ir né?!hehe Será que era um sinal? Será que aquilo realmente não era pra mim? (hahaha)

Não, não, não! Continuei muito culpada. Seria muito vacilo ter perdido o ingresso! Antes eu estar num lugar maluco, nada a ver comigo, do que jogar no lixo o dinheiro do meu irmão. Fiquei me sentindo super mal, super irresponsável. Quando já ia me desculpar com o Fábio, e saber se teria alguma solução, ele me avisa que estava com o ingresso que faltava na carteira DELE. Uuuufaaaaaaaaaaa! E lá fomos nós trocar os ingressos no Barra Garden...

Chegando lá, dei de cara com algumas "tchutchucas" felizes com seus abadas customizados. Ai-meu-Deus, deu até calafrio! Logo comecei a avaliar todo mundo no local. Não achei nada de tãão terrivel, tinha algumas pessoas tipo eu também, eu acho. Mas a essa hora eu já estava muito desconfiada do meu senso de qualquer coisa. E pra completar veio o comentário da Mami:
- Filha, acho que você não tem mais o perfil de micaretas né?
- Pois é. – resumi, engolindo seco! “onde eu fui me meter, de novo”

Ainda no lugar da troca dos abadás tinham várias pessoas se oferecendo para comprar o ingresso. Que tentação! Mas...cara, eu gostava tanto desse tipo de show, aceitei tão facil e tão feliz ao convite do meu irmão. Tinha o fato de querer sair com ele, e de não querer furar assim na última hora. Micareta nunca foi um ambiente super alto nível...e EU gos-ta-va!
Nunca fui de me preocupar se o clima é de super pegação, menos pegação, ou pegação nenhuma. Sempre soube permutar pelos mais diferentes ambientes, me adaptando às situações e hábitos de cada lugar, sem mudar o que sou. E meus amigos sabem quem eu sou. Não iam me achar uma "micareteira" só por que eu fui a micareta né?!hahaha

Mesmo sabendo a resposta, continuei na minha neura e lancei a idéia de vender os ingressos pros cambistas lá. Mas sabia que meu pais não iam querer que eu vendesse.
- Ahh você pediu pro seu irmão comprar o camarote sem querer ir?????
- Não...é que eu tenha que estudar...mas tudo bem! Deixa pra lá

Nem tentei explicar minha neurose, porque não fazia muito sentido mesmo e corria o risco de aborrecer eles. Fiquei na minha, tentando pensar positivo!

Eu sabia que, como sempre, estava pensando demais na situação. Ia ser legal!! Era só relaxar.

Domingo, antes do show meu irmão colocou umas músicas do Chiclete, que eu não conhecia. Enquanto ele se animava eu me desempolgava, outra vez! Se eu não conheço as músicas novas da banda porque queria ir nesse show? Eu realmente gosto de Chiclete? A essa altura eu ainda estava tentando definir se gostava ou não da banda. Já vestida de abadá! rs Eu estava mesmo totalmente corrompida pela pilha contra!!!Como pode?! Já não sabia mais do que EU gostava... Confusa fui pro show...

Cheguei lá super hesitante. De início, não me incomodei muito com o ambiente e as pessoas. Mas as vozes do contra continuavam a ecoar na minha cabeça. E lá, eu tinha, de um lado meu irmão e a namorada no maior amor e alegria, do outro uma pegação sinistra, sem conquista, sem interesse...pura e simples pegação. Aquilo foi, aos poucos, me ajudando a me sentir fora de lugar.

O Timbalada tocava e eu continuava a refletir sobre onde eu estava, quem eu era e o que eu queria pra minha vida. Oh! Drama! Eu sei. Não era mais só a micareta era uma crise existencial completa. hahaha

O início do show do Chiclete veio como um grande fio de esperança pra mim. Começou com uma música que eu adoro e eu cantei com certa animação. O trio veio pra nossa frente. O meu irmão tava numa alegria, que só de olhar pra ele, já dava pra esquecer as paranóias e ter valido a pena estar lá, com ele. Logo o trio parou na nossa frente e começou: "Chiiiiiiiiicleeeeeeeeteeeeeee oba! oba!". Aí, deu problema de novo! Comecei a prestar atenção na música; "Chiclete pra grudar no seu ouvido, chiclete pra ficar amarradão...". Putz! A letra é realmente muito simples. Como eu podia gostar de uma coisa boba assim, que não diz muita coisa e não me acrescenta muito. Pode alguém do meu nivel social, cultural, educada e viajada como eu gostar disso? Pode?

Ai! Que consciência petelha que eu tenho! Que se dane tudo isso. Como eu queria sair de dentro de mim um pouco. Parar de PENSAR e aproveitar numa boa! Respirei, suspirei e de repente, parei de prestar atenção nas músicas, e nos detalhes que me faziam me sentir diferente. Olhei um grupo de meninas dançando entre si numa roda. Estavam meio bebadas, é verdade, mas dançavam como se nada em volta importasse. Riam de si, cantavam de olhos fechados e colocavam os braços pro ar. Se moviam, com se sentissem a música. Pô! Muito irado! Que inveja! Fiquei olhando um tempão enquanto meu irmão e a namorada se misturavam ao povo para tentar seguir o trio.

A alegria dos outros era muito legal e começou a me lembrar do que eu gostava...Mas ainda assim, não me deixava envolver. NOSSA! Como eu to difícil! Numa certa hora, acabei percebendo meu cansaço da noite anterior, eu estava meio dolorida, meio com sono por ter dormido pouco. Mesmo quando tentava daçar não conseguia...doía tudo e faltava energia!

Pensei em ir pra casa. Mas não podia, não queria! NUNCA tinha ido embora antes de um show acabar. Eu já estava até gostando...
Mesmo assim, faltava alguma coisa. Qualquer coisa que me comovesse, qualquer coisa que convecesse. Mas eu cansei de resistir, e numa música qualquer que eu não conhecia, me despedi do meu irmão e da minha cunhadinha e resolvi ir pra casa mesmo. Fui andando sozinha me sentindo uma velha, uma desanimada! Por que eu estava TÃO blase, tão indiferente e tão "incomovível"?

Depois de ter andado e pensando bastante, estava quase chegando na saída, quando, de repente, escutei: "Um BEI-jo em você eu quero dar. Saudaaade presa no meu coraçãããão." Por alguma razão, ou por razão nenhuma, aquela música, me encheu de nostalgia, de sentimento, de alegria! "CA-RA-CA eu AMO essa múscia" pensei. No mesmo instante, desacelerei o passo, até parar, olhei pra trás e resolvi correr lá pra dentro de novo. Isso sim foi bem louco... Mas a partir daí eu já não estava nem aí. Ia fazer o que queria. Dançar, pular, cantar...

Foi mui-to legal! Me soltei, me deixei levar, cantar de olhos fechados... Parei de me importar, parei de me preocupar, parei de pensar. Fui no embalo...da simplicidade da música e da simplicidade dos meus sentimentos. De repente, eu era A- MAIS- ANIMADA!!! hahaha Na música seguinte, sem brincadeira, eu era a que mais pulava!!! Era uma das minhas preferidas também (porque afinal de contas, eu gosto de muitas musicas do chiclete!rs) e eu quase perdi por bobeira. Encontrei meu irmão de novo, ele até me colocou nos ombros e eu, sem timidez, me diverti! O show foi demais!!!!

Nada como se libertar dos preconceitos, se deixar levar, se desprender de vergonhas, da opinião alheia e todo os resto. Todo mundo tem suas bobeiras, suas paraibisses, suas criancisses, suas simplicidades...
Pra mim, é isso que dá graça a vida!

"Não pode ser tão complicado se entregar a uma paixão...Deixa os detalhes de lado, vamos viver do nosso jeito!" Do nosso jeito - Chiclete com Banana

:)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A arte de não desanimar...

É natural, quase instintivo; nós, seres humanos, estamos sempre lutando para alcançar alguma coisa. Lutamos por aquilo que precisamos, por aquilo que achamos que precisamos e até pelo que sabemos não precisar mas queremos, queremos muito.

Bom, vou mudar logo este post para a primeira pessoa, porque hoje não quero, simplesmente, discutir um tema ou fazer reflexões gerais. Quero dividir minha própria experiência, que pode, ou não, ser comum a outros...

Pra começar, deixa eu dizer que, se teve uma coisa que estava em falta no momento da minha concepção foi pa-ci-ên-cia. Por isso, desde pequena, sentar e esperar é uma coisa incrivelmente difícil para mim. Pra pegar ônibus, por exemplo, por muitas vezes entrei no primeeeeiro ônibus que passou, sem me importar se ia pra Cascadura, Bangu, ou pro fim do mundo, só pra não ficar uns minutinhos esperando o ônibus certo. Muitas vezes, peguei vários ônibus ao invés de um só, parando em diferentes pontos da cidade, até chegar onde eu queria, apenas pela impaciência de esperar uma coisa, que poderiiiia, talvez, demorar. Pois é.

Então, quando de repente, na minha cabeça, surge a necessidade de cumprir algum objetivo, concretizar algum projeto de vida, ou quando, simplesmente QUERO alguma coisa, eu quero já! Agora! Neste segundo. Não, não dá pra esperar. E isso, em relação às mais variadas coisas...

Se eu quero emagrecer, quero emagrecer tuuuudo que "preciso" essa semana, se possível em 3 dias. Melhor ainda: perder tudo hoje. Se acho que deveria começar a ler mais, seleciono, no mesmo instante, uns 10 livros pra ler, de uma vez só. Se decido ser mais saudável, mudo toda a alimentação, já na próxima refeição e começo agora, neste instante, a beber mais água...aliás, pra ficar bem logo, já tomo umas 10 garrafas de água por dia e pronto.

O bom é que, apesar de tomar medidas radicais e imediatas para atingir minhas metas, nesses casos mais simples, sempre sou bem sucedida e sempre aprendo alguma coisa que acaba permanecendo como hábito. Claro que, com o tempo, bebo um pouco menos de água, passo a ler um livro de cada vez...mas a melhora, intencional, realmente acontece.

No entanto, é óbvio, que nem tudo que queremos pode ser imediatamente alcançado, nem depende só das nossas atitudes. Há sempre aquelas coisas que excedem o nosso poder de ação. E o que é pior, são essas coisas que muito mais nos importam; o tão sonhado emprego, ou, a almejadíssima promoção, o encontro de um "grande amor", a aprovação em algum concurso sinistro... Para tudo isso há SEMPRE uma espera e um risco. Porque, por mais que nos esforcemos, por mais que nos aprimoremos, que estudemos muito, ou ofereçamos o melhor de nós, há sempre a chance de não encontrarmos o sim que gostaríamos. A sensação de conquista passa looonge...

Claro que isso não nos faz, nem deve nos fazer, parar de lutar, nem parar de querer. O que sempre aprendi com essas experiências foi perceber que não estou sozinha nesse mundo. Afinal, nessas situações, estamos sempre precisando de alguém: alguém pra encontrar o nosso curriculo e simpatizar com a gente, alguém para preparar a prova com as questões que mais sabíamos e alguém que nos tranquiliza no dia do concurso, alguém para nos encontrar no meio da multidão e, magicamente, nos perceber especial...

E, para mim, entre esses encontros e desencontros, entre sins e nãos (é! os "nãos" também são muito importantes, capazes de nos livrar de cada roubada...) existe algo maior. Cada um chama de uma coisa: sorte, universo, "a vida"... alguns, como eu, chamam de Deus! Enfim, o fato é que existe sim "qualquer coisa" que nos aproxima do que queremos e do alguém de que precisamos. O mistério capaz de nos por na direção certa, mesmo quando estamos relutantes, impacientes e teimosos no nosso próprio querer.

Algo que, discretamente, nos da pistas e levemente nos abre os olhos. Algo que sopra como brisa nos meus ouvidos "Paaaaaciênciaaaaa!!!!".

Claro. Porque chega uma hora em que me dou conta de que já fiz tuuuuuuudo o que podia, e que só me resta silenciar o meu: "Mas eu quero esse lugar. Eu quero esse negócio. Eu quero agora." e deixar o tal "mistério" agir. E assim vou aprendendo a SENTAR e ESPERAR. Pois é exatamente percebendo minhas limitações que encontro a certeza de que o melhor está por vir!!!! E repouso na confiança de que quando as coisas não dão certo...é porque não tinham que dar e algo muito superiormente bom virá.

Ahh!! Aprendi também, que tudo o que faltou ou veio em excesso no nosso pacote pode e deve ser ajustado por nós durante esses momentos de desafio. Por isso, não digo nunca: "ah.. é o meu jeito, paciência...deixa pra lá." Até porque, paciência, como eu disse, não tenho muita e não posso desperdiçar com um erro desses. Procuro sempre, não só ser o melhor que posso, mas poder ser melhor, para os meus amigos, para a minha família e para toooodo o resto.

Pois é. O mais interessante dessas lutas que travamos pelo caminho é que, independente do resultado, estamos sempre mais a frente. Seja pela vitória em alguma coisa, seja pelo que aprendemos.

E pra combater desanimos e frustrações...há sempre a possibilidade de se criar um plano B!

Mas primeiro relaxe bem num belo "dance it out"!hahahaha

domingo, 17 de janeiro de 2010

"i have climbed the highest mountain only to be with you" U2

Hoje faz um mês que eu cheguei em casa. Faz um mês que, após passar dias silenciosos, tensos e quase dolorosos pelo chorinho que insistia em rolar, eu pousei "de volta". Após 13 horas no ar, sem querer abrir os olhos, nem tomar consciência de que aquilo era mesmo o fim, eu cheguei.

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que o alívio de sentir o avião encostando na pista do aeroporto não chegou. De quando a sensação de que o voo tinha acabado não foi boa. Porque dentro de mim o meu destino era incerto, o meu lugar indefinido e a minha alegria de chegar não era garantida.

Mas eu levantei, como todos os outros passageiros, peguei minha mala, ainda quieta por dentro e por fora como dias antes, nos Estados Unidos. Reuni minhas coisinhas e marchei com o fluxo... Liguei pra mamãe, com o meu velho celular brasileiro. Sem precisar discar 200 números e sem falhas na ligação, ouvi a voz dela. A doce voz da minha mãe, a postos para um abraço.

Caminhei com dificuldade por ter de manusear dois carrinhos cheios de malas pesadas e também por ter dentro de mim um coração hesitante, emocionado, querendo... tanto correr pro abraço quanto voltar pra dentro do avião e pra tudo o que aconteceu antes dele...

Mas eu continuei em frente, incerta, mas em frente, devagar, mas em frente. E aí veio o encontro, com a minha mãe, com a minha avó e com a surpresa das minhas melhores amigas. O encontro com aquelas pessoas infalíveis, que não esquecem de mim, que não esquecem dos meus gostos, do meu jeito, de como me fazer rir, nem de como me agradar. E que querem estar por perto, não só sabendo das minhas novidades o tempo todo mas também estando frente ao meu sorriso, dentro do meu abraço, sendo parte inseparável do meu cotidiano.

E aí eu entendi que cheguei aonde deveria, que voltei porque queria e que é aqui, no meio do samba, do feijão com a arroz, da família unida e das velhas amizades que quero permanecer.

"a minha alegria atravessou o mar..."

Eu fiquei muito feliz, inesgotavelmente feliz. Depois fiquei também de férias, de bobeira...até ficar de saco cheio! whaaaaaaaaaaaat?

De repente, isso tudo, a alegria, a felicidade e as férias, começaram a me incomodar. Cara, por que?? por que?

Calma, calma. Antes que você reclame, ou ache que eu sou maluca, deixa eu me explicar... Eu não to infeliz, óbvio que não, mas to insatisfeita. Fazendo tudo o que eu quero, tendo tudo o que desejo, estou inquietamente insatisfeita. Feliz, muito feliz. Porém, insatisfeita. Será que é assim mesmo? Será que sempre falta alguma coisa? Ou será que a gente não está preparado para a felicidade, a satisfação e a tranquilidade?

Por que a gente se cansa até quando tudo está como a gente queria? Por que a gente quer sempre mais? E quando é que a gente sossega after all??? E quando é que a gente relaxa e só aproveita?? Depois de todo o trabalho, de tantas conquistas, de tanto esforço: QUANDO É QUE A GENTE RELAXA E APROVEITAAA???

Porque é o que eu deveria estar fazendo agora, relaxando e só aproveitando... Mas eu quero mais, eu quero fazer um filme, ou dois, arrumar um trabalho, e bom, e outras coisas...tantas outras coisas. E isso significa espera, e isso significa que falta alguma coisa...

É galera...então eu cheguei à conclusão de que não adianta toda a ansiedade, porque tudo o que a gente mais quer, vai estar sempre à nossa frente. E não há mãos que alcancem, o que os olhos ainda mal conseguem ver. O que é realmente que você mais precisa? Qual é realmente o maior dos seus sonhos?

Bom, tudo o que posso dizer a favor da minha reflexão angustiante é que constatar meu coração inquieto, exigente e incansável só me traz alegrias. É ele que, em qualquer lugar, em qualquer momento, tira meus pés do chão e me faz viajar ao encontro daquilo que, de tão perto se faz tão longe, de tão obvio se faz invisível, de tão bonito se faz necessário, a única certeza sempre: Deus!

Porque dentro de nós haverá sempre a dúvida, em cada partida e em cada pouso, em cada encontro e em cada separação, a cada novo desafio e a cada descanso. Haverá sempre dúvida! Por isso, na dúvida, o melhor é tentar. Só na tentativa se chega à certeza...seja ela falha ou bem sucedida, só na tentativa chegamos a Ele. Seja a tentativa falha ou bem sucedida chegaremos também novamente à tal...à tal insatisfação. Pra também saber que chegou a hora de tentar de novo... tentar mais, tentar outra coisa, tentar diferente.

A insatisfação é mesmo o que nos faz ir em frente. Mesmo quando não temos certeza, mesmo quando temos medo, mesmo quando não sabemos o que queremos, mesmo quando queremos só andar devagar! A insatisfação é o que nos move a nunca parar. Não parar de ter esperança e de buscar a felicidade real, completa!uhul!

O maior de todos os meus sonhos? O encontro diário com a felicidade, onde quer que ela esteja. O maior dos meus sonhos? Nunca estar satisfeita.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

"Pois bem, cheguei, quero ficar bem a vontade"

Contrariando todas as previsões, suposições e achismos... estou de volta!!! Contrariando ainda mais: estou super feliz, contente e satisfeita de estar aqui no meu Rio de Janeiro.

Tudo bem, tudo bem, o trânsito piorou, o calor ta SINISTRO e a violência continua sendo o assunto principal...Mas estou aqui, no meio desse caos, que chamo de paraíso me sentindo em casa. Absolutamente em casa.

Na verdade, ainda estou em processo de adaptação: já mandei excuse-me pro garçom, bati o carro por não saber onde estava o pedal do freio e passo noites acordada por causa da diferença do fuso, mas mesmo assim sinto que voltei pro meu lugarzinho. Aos poucos vou lembrando onde a gente guarda os copos e talheres, qual dos mil controles usar pra ligar a TV da sala e como não é nada demais dar dois beijinhos em desconhecidos.

Po! Mas se vocês soubessem como é maravilhosa essa sensação de ser um bebê abrindo os olhos pela primeira vez no colo da mãe...

Achou forçado? Vou explicar!

Voltar ao Brasil, não é um reencontro. Voltar pra casa depois de um ano e meio fora é redescobrir o velho conhecido, se encantar com o que já era de costume, se maravilhar com a própria vida, reexplorar o que já é meu há muito tempo. Os velhos amigos, os velhos abraços apertados, as velhas brincadeiras se juntam às novas conversas, novos assuntos e infinitas novidades numa harmonia perfeita . E eu que adoro certezas boas, estou certamente feliz de estar aqui e de querer estar aqui.

Pois é, eu estou aqui, "colorindo a alegria de chegar"! Nada como se apaixonar de novo pelo amor primeiro...meu Rio!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quase uma poesia, uma história de cinema

a vida é um filme! Um filme que a gente assiste, atua e ajuda a escrever.

Como público: estamos sempre torcendo pelo final feliz. Como personagens: estamos sempre atrás do mocinho (ou mocinha). Como escritores: estamos sempre dizendo que aquele personagem não é bom o suficiente para ser o mocinho (ou a mocinha), apagamos, tentamos pensar em alguem melhor para o papel.

Como público: desacreditamos que "na vida real" exista amor como o dos filmes. Como personagens: não imaginamos o que vai acontecer. Como escritores: queremos controlar cada cena para que tudo seja perfeito.

Como público: nos surpreendemos. Como personagens: também, já que os colegas em cena adoram improvisar e fazer diferente daquilo que estava no nosso script. Como escritores: tentamos não decepcionar o público com a história que estamos fazendo.

Como público: nos emocionamos com a cena tão linda que acabou de acontecer. Como personagens: sabemos que a história nunca está no nosso controle, tudo passa, tudo pode mudar. Como escritores: nos orgulhamos de uma decisão bem tomada, uma escolha que deu certo.

Como público: nos irritamos com certos personagens e nos apegamos a outros. Como personagens: beijamos, abraçamos, choramos, brigamos. Como escritores: revisamos o que foi escrito para então melhorar.

Como público: temos o benefício de nunca saber o fim. Como personagens: temos a vantagem de estar VIVENDO essa história que foi escrita exatamente para nós. Como escritores: temos o poder de apagar certas falas, reescrever certos diálogos e refazer certas cenas. Por um ponto final em uma historia, e começar outra...