domingo, 17 de janeiro de 2010

"i have climbed the highest mountain only to be with you" U2

Hoje faz um mês que eu cheguei em casa. Faz um mês que, após passar dias silenciosos, tensos e quase dolorosos pelo chorinho que insistia em rolar, eu pousei "de volta". Após 13 horas no ar, sem querer abrir os olhos, nem tomar consciência de que aquilo era mesmo o fim, eu cheguei.

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que o alívio de sentir o avião encostando na pista do aeroporto não chegou. De quando a sensação de que o voo tinha acabado não foi boa. Porque dentro de mim o meu destino era incerto, o meu lugar indefinido e a minha alegria de chegar não era garantida.

Mas eu levantei, como todos os outros passageiros, peguei minha mala, ainda quieta por dentro e por fora como dias antes, nos Estados Unidos. Reuni minhas coisinhas e marchei com o fluxo... Liguei pra mamãe, com o meu velho celular brasileiro. Sem precisar discar 200 números e sem falhas na ligação, ouvi a voz dela. A doce voz da minha mãe, a postos para um abraço.

Caminhei com dificuldade por ter de manusear dois carrinhos cheios de malas pesadas e também por ter dentro de mim um coração hesitante, emocionado, querendo... tanto correr pro abraço quanto voltar pra dentro do avião e pra tudo o que aconteceu antes dele...

Mas eu continuei em frente, incerta, mas em frente, devagar, mas em frente. E aí veio o encontro, com a minha mãe, com a minha avó e com a surpresa das minhas melhores amigas. O encontro com aquelas pessoas infalíveis, que não esquecem de mim, que não esquecem dos meus gostos, do meu jeito, de como me fazer rir, nem de como me agradar. E que querem estar por perto, não só sabendo das minhas novidades o tempo todo mas também estando frente ao meu sorriso, dentro do meu abraço, sendo parte inseparável do meu cotidiano.

E aí eu entendi que cheguei aonde deveria, que voltei porque queria e que é aqui, no meio do samba, do feijão com a arroz, da família unida e das velhas amizades que quero permanecer.

"a minha alegria atravessou o mar..."

Eu fiquei muito feliz, inesgotavelmente feliz. Depois fiquei também de férias, de bobeira...até ficar de saco cheio! whaaaaaaaaaaaat?

De repente, isso tudo, a alegria, a felicidade e as férias, começaram a me incomodar. Cara, por que?? por que?

Calma, calma. Antes que você reclame, ou ache que eu sou maluca, deixa eu me explicar... Eu não to infeliz, óbvio que não, mas to insatisfeita. Fazendo tudo o que eu quero, tendo tudo o que desejo, estou inquietamente insatisfeita. Feliz, muito feliz. Porém, insatisfeita. Será que é assim mesmo? Será que sempre falta alguma coisa? Ou será que a gente não está preparado para a felicidade, a satisfação e a tranquilidade?

Por que a gente se cansa até quando tudo está como a gente queria? Por que a gente quer sempre mais? E quando é que a gente sossega after all??? E quando é que a gente relaxa e só aproveita?? Depois de todo o trabalho, de tantas conquistas, de tanto esforço: QUANDO É QUE A GENTE RELAXA E APROVEITAAA???

Porque é o que eu deveria estar fazendo agora, relaxando e só aproveitando... Mas eu quero mais, eu quero fazer um filme, ou dois, arrumar um trabalho, e bom, e outras coisas...tantas outras coisas. E isso significa espera, e isso significa que falta alguma coisa...

É galera...então eu cheguei à conclusão de que não adianta toda a ansiedade, porque tudo o que a gente mais quer, vai estar sempre à nossa frente. E não há mãos que alcancem, o que os olhos ainda mal conseguem ver. O que é realmente que você mais precisa? Qual é realmente o maior dos seus sonhos?

Bom, tudo o que posso dizer a favor da minha reflexão angustiante é que constatar meu coração inquieto, exigente e incansável só me traz alegrias. É ele que, em qualquer lugar, em qualquer momento, tira meus pés do chão e me faz viajar ao encontro daquilo que, de tão perto se faz tão longe, de tão obvio se faz invisível, de tão bonito se faz necessário, a única certeza sempre: Deus!

Porque dentro de nós haverá sempre a dúvida, em cada partida e em cada pouso, em cada encontro e em cada separação, a cada novo desafio e a cada descanso. Haverá sempre dúvida! Por isso, na dúvida, o melhor é tentar. Só na tentativa se chega à certeza...seja ela falha ou bem sucedida, só na tentativa chegamos a Ele. Seja a tentativa falha ou bem sucedida chegaremos também novamente à tal...à tal insatisfação. Pra também saber que chegou a hora de tentar de novo... tentar mais, tentar outra coisa, tentar diferente.

A insatisfação é mesmo o que nos faz ir em frente. Mesmo quando não temos certeza, mesmo quando temos medo, mesmo quando não sabemos o que queremos, mesmo quando queremos só andar devagar! A insatisfação é o que nos move a nunca parar. Não parar de ter esperança e de buscar a felicidade real, completa!uhul!

O maior de todos os meus sonhos? O encontro diário com a felicidade, onde quer que ela esteja. O maior dos meus sonhos? Nunca estar satisfeita.