segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Fear Factory

Ultimamente, tenho pensado muito sobre medo. Medo é uma coisa muito pessoal, cada um tem os seus. Ainda que venham em tamanhos e formas diferentes, não há como fugir; todos nós temos medo de alguma coisa. A diferença está na forma com que cada um decide enfretar isso. 

Geralmente, o medo é um bichinho que só existe dentro da nossa cabeça, mas isso já é o suficiente para nos fragilizar e paralizar como bonecos prontos para serem quebrados. No entanto, algumas vezes o medo se torna real. Quando aquilo que mais temiamos vira realidade é que o bicho pega. Mas é nesse momento também que descobrimos que, apesar de impactante, o medo é uma coisa que vem e passa. Ou sei lá, a gente passa por ele, por cima dele. O fato é que sobrevivemos, coisa que não imaginamos ser possível, quando pensavamos no temor. O que me leva a concluir que o medo é muito mais poderoso quando está dentro de nós do que quando diante de nós.

O que não nos mata, nos fortalece sim!!! Cliche bem verdadeiro. Vou explicar:

Eu sempre fui a menina MAIS medrosa da face da terra. Quando era criança tinha muito medo de escuro, de tomar vacina... Com o tempo passei a ter muito medo de tirar nota baixa, de errar, de não ser aceita, de me decepcionar, medo dos fins, de não conseguir, medo de perdas e até medo do Flamengo não ganhar hahaha... Muitas vezes chego a ter medo de ter medo. Dá pra acreditar?! Em quase todas estas situações, corria para onde? Para o colo dos meus pais! Quantas noites dormi com eles e quantas e quantas vezes chorei no colo deles o terror de algo que ainda nem havia acontecido. E com o poder de super heróis, aqueles dois, aliás devo dizer, aqueles três, porque meu irmão mais velho também tem seus super poderes, eles mandavam todos os "mostrinhos" que me ameaçavam para muito longe. Ou simplismente mostravam que os monstros não existiam.

Muitas noites se passaram, muitas vacinas doloridas também passaram, notas baixas foram recuperadas, e alguma poucas derrotas do Flamengo também (hahahaha) e aqui estou eu: inteira, viva, feliz e.....com novos medos diante de mim. Mas acho que a graça da vida está justamente nesses medos-desafios que nos são apresentados. é superando cada um deles que, como num video game, ganhamos força e experiencia para as proximas fases que virão.

Mas, mais recentemente, estive pensando no medo que os meus pais sentem. Todos nós sabemos, como é importante para os pais poder proteger seus filhos, poder livrá-los de todos os perigos e poder os ter sãos e salvos, dormindo como anjos, no quarto ao lado. Sei que não é pra qualquer pai deixar a filhinha querida pegar um avião e ir morar fora assim, de uma hora pra outra. Muitos pais tem medo da saudade, muitos outros, tem medo dos perigos, reais ou apenas imaginários. E eu não estou julgando, porque apesar de não ter a menor idéia do que é ser pai, sei que o amor sempre nos faz querer prender alguém ao nosso lado, seja por proteção, seja pela alegria que a pessoa nos traz.

Por isso, tenho que agradecer mais uma vez, e muito, aos meus pais. Por aguentarem firme o medo de tantos "não poder": o não poder saber onde estou, para onde vou, nem que horas volto. O não poder ser o colo para eu chorar meus medos, meus erros e outras tantas bobagens. O não poder cuidar de mim quando estou doente, ou estar por perto quando sabem que estou passando por uma situação difícil. Por aguentarem firme não me terem no quarto ao lado, dormindo, sã e salva. Mas eles sabem, que está valendo a pena e eu estou cada vez melhor, mais forte, mais sã e mais salva. :)

Quando vim para cá sózinha, era ainda aquela menina das mais medrosas como já lhes disse. Mas quando tive que pegar o primeiro avião e enfrentar o medo de estar no ar, dentro daquela coisa "caível", decidi pensar no que viria depois do medo. Sim, por que sempre vem alguma coisa depois. Depois do avião vem a chegada aos Estados Unidos, depois da noite escura vem a hora de ir à praia, depois da nota baixa vem a próxima prova, depois do erro vem a outra chance, depois do fim um outro começo e pro Flamengo...um novo campeonato todo ano. hehehe Com certeza, todas essas situações me fizeram aprender muito.

Com o tempo, a gente vai descobrindo a nossa força, mas com esse intesivo que estou vivendo, de enfretar as coisas sozinha, acho que ganhei muito mais. Aqui, longe, enfrentei a relização de alguns DOS MEUS MAIORES MEDOS. Para vocês não acharem que é mais uma das minhas dramatizações, ai vai o resumo da história: estava eu na minha casa de San Diego, dormindo tranquila, quando acordo com um homem estranho na porta do meu quarto. QUER MEDO MAIOR QUE ESSE?? Paralizei, me desesperei. Mas, graças a Deus (a ele mesmo gente, não tem outra pessoa) o cara também paralizou e foi pra sala descansar no meu sofá (tava meio chapado ele). Então, tranquei a porta do quarto, liguei para o famoso 911 e segundos depois tinham uns 10 policiais lá em casa para resolver tudo "da melhor maneira possível". Obs: foi o invasor mesmo que abriu a porta pra polícia entrar - ele estava realmente drogado. hehe Gritos, armas, prisão, uma mega operação CSI, e a menina mais medrosa de todas teve seu momento de heroína da casa. hehehe Falando sério gente, não acreditei em mim mesma. Depois que recuperei os movimentos da tal "paralização" fui corajosa, racional e salvei a galera!Uhul! Reforçando o que já disse, com a ajuda de Deus, com toda a certeza. Pois é! Que bom que existe um Pai que nunca nos deixa - e os meus sabem bem disso!! :) Pois é, e vocês pais, com medo do Rio de Janeiro??? Perigos estão por toda parte. O importante é confiar que é possível se livrar deles e de uma certa forma pensar positivo. Nunca se sabe o que pode acontecer. NUNCA.

Por fim, acho que o grande medo da maioria dos pais, não sei se dos meus também, é a dificuldade de proteger o filho de suas escolhas erradas. As escolhas sim, são o maior problema... Já são um problema quando se tem os filhos por perto, que dirá quando eles decidem ir morar sozinhos, em outro país. Sabe aquela festa que qualquer jovem decide fazer quando os pais viajam? Eu posso fazer todo final de semana. Aliás, todos os dias. Posso fazer o que quiser que meus pais não saberiam...Mas graças a eles, eu sei muito bem o que quero e o que não quero, o que é certo e o que é errado.

E foi me dando esse amor tão sem limites, que eles me ensinaram a estabelecer os meus. Foi dizendo sim tantas vezes, que me ensinaram a dizer não para o que hoje eu sei não ser bom pra mim. Não é que eu seja uma boa filha, eles é que são ótimos pais e me deram lições que jamais esquecerei onde quer que eu esteja.

Aquela menina, das mais medrosas, ficou pra trás. Depois de tudo, sou agora a das mais corajosas!! Pode vir o medo, pode vir que eu aguento!!!!hehehe

O fato é que, medo nenhum, nem nosso, nem dos nossos pais, deve nos impedir de ir mais longe. Tenho muito orgulho de, como diz a Rita Lee, "ser quem eu sou e estar onde estou". E agora só falta você!hehehehe

AOS MEUS PAIS, MUITO OBRIGADA POR SUA CORAGEM E PELA CONFIANÇA EM MIM:)

Acho que esse post foi bem apropriado pro momento halloween né? hahahahah


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Chegadas & Partidas

(escrito ontem as 10 da noite.)
Hello my dear readers,

Tenho andado distante do blog...eu sei. Estava com receio de escrever aqui de novo, apenas para expressar velhos pensamentos, velhas reflexões, porque novamente minha mente está presa a um único assunto: a volta ao Brasil. Não é a primeira vez que penso nisso, pois não é a primeira vez que a hora de ir se aproxima - apesar de nunca ter se realizado antes - e porque sempre soube que em algum momento teria de voltar.
Eu realmente não vou me alongar nos pensamentos que circulam na minha cabeça viciosamente há tanto tempo. Medos, ansiedades e questionamentos. Minhas relexoes transitam entre lembranças, saudades antecipadas, saudades guardadas, tristezas e empolgações, mas o que realmente me faz sorrir neste momento, pontualmente difícil, é a certeza de que Deus, em sua infinita bondade: não satisfeito em me dar UMA vida maravilhosa, resolveu presentear-me com duas maravilhosas vidas; a acolhedora e tradicional vidinha brasileira e a fenomenal e surpreendente vidinha, aqui na Califórnia.
Independente dos próximos passos, tenho certeza de que sempre terei as duas vidas comigo e que, assim como hoje em dia, estarei sempre transitando entre essas duas realidades que tanto amo!!!!!! Seja lá onde estiver, Deus continuará me guiando, protegendo e me dando alegrias sem fim porque, Ele sim, pode estar com todo mundo, em todos os lugares, ao mesmo tempo. SORTUDO ESSE TAL DE DEUS NÉ?!
Antes de continuar, gostaria de esclarecer que eu também percebi, assim como você, que minha escrita está um pouco diferente hoje. Também estou achando meio engraçado, meio esquisito, mas já me conformei que o ato de escrever, para mim, não é mais uma coisa controlável ou premeditada. Às vezes acho que minhas mãos trabalham sobre coordenação específica dos meus sentimentos e intuição. É um ato quase totalmente involuntário. Sei la, crazy!!
Anyway.
Esses últimos meses (últimos no sentido dos que já passaram, não no sentido de que estou caminhando para o fim dessa aventurinha) têm sido muito emocionantes para mim. As mudanças na minha vida, os estágios novos, a casa nova, a roommate nova, as visitas.

E como sempre tenho aprendido muito com tudo.
Primeiro veio uma das minhas melhores amigas, Marcella, passar uma semana comigo. Essa meniiiina..."putz grila", to pra ver alguém tão cheio de qualidades. Mente brilhante, sensatez na medida exata e coração macio. Tolera meus erros com tanto carinho, ri não só das minhas 24hrs de palhaçada mas também das minhas infantilidades, dramas e maluquices em geral. E me põe no chão como nignuem, quando eu começo a flutuar.
Estavamos no Sea World assistindo ao show das baleias quando, intrigada em pensamentos viajantes e querendo, obviamente, fazer palhaçada, perguntei a ela:

- Marcella, o que será que as baleias pensam durante esse show?

Esperava, uma resposta tão filosófica, ou pelo menos tão "sem-sentidamente" engraçada, quanto a minha pergunta e ela me respondeu em menos de 10 segundos:

- Sei lá! Acho que elas só pensam; EU QUERO O MEU PEIXE.

(para quem nao sabe, durante o show, a cada "gracinha" que a baleia faz, ela ganha um peixinho...tipico treinamento de animais)

Mas enfim, a resposta dela foi assim, simples, direta. Simples assim! Isso mostra exatamente como é a nossa relação, eu trago minhas histórias, minhas dúvidas e viagens sem fim e ela simplifica...Enquanto eu fico viajando no que há por traz de tudo...ela me puxa de volta pra realidade. Assim formamos uma dupla perfeita. O equilíbrio desejável entre palhaçada, responsabilidade, sensatez, comportamento e diversão!!!! Adicionando um pouquinho de Martini a essa balança pode sobrar um pouco mais de palhaçada e diversão...and that's just great.
Enfim, ela veio, visitou minha casa, conheceu San Diego, as pessoas mais importantes da minha vida aqui, fomos a Vegas e aí depois de tudo...ela foi embora. E estava tudo bem, até ela ir sair do alcance da minha visao...não sei o que aconteceu, não deu pra controlar o chorinho! hahaha E eu não me emocionava assim há muito tempo. Senti uma falta daquelas da companhia dela. Mas, logo logo, a gente se adapta às conversas via computer e internet e o mais impressionante: as palhaçadas continuam com o mesmo potencial. Ontem mesmo, estava eu dando gargalhadas (alto) na livraria ao conversar com ela!!hahahaha
Depois da little veio meu papi. Estava no limite da ansiedade pra pegar aquele avião e encontrá-lo. Aliás, depois tenho que lembrar de escrever sobre meus pensamentos em relação a aeroportos. Coisa mais intrigante isso de haver um lugar passagem, onde ninguém fica, ninguém está, ninguém permanece. Lugar onde encontros e separações acontecem no exato mesmo ponto. Extremos de alegrias e tristezas, chegadas e partidas. Onde a espera começa pra uns e termina para outros num ciclo onde ninguém tem lugar fixo, quero dizer, hoje você vê alguém chegar, amanhã você vê alguém partir. No meu caso, é quase sempre eu, partindo ou chegando com abraços a me esperar - às vezes me esperam dizendo "finalmente", às vezes me esperam dizendo "até a volta".
Em Chicago, uma cidade absolutamente maravilhosa, encontrei o sorriso do meu pai me esperando impaciente no final das escadas rolantes do aeroporto. Passamos dias indescritivelmente maravilhosos. E sem NENHUMA briguinha (com ou sem sentido). Eu realmente dei uma amadurecida boa. :) E no exato mesmo lugar em que nós nos encontramos, o mesmo lugar que fez meu coração quase explodir de ansiedade, fez meu coração murchar e calar de saudade ao nos separar. Outra vez...
Mas...consegui segurar o choriiinho, até a hora do meu avião levantar vôo. Mas ainda que continue sendo difícil passar por encontros e partidas tão significantes, agora, já consigo ver que o fato de não estarmos perto, nunca impediu que estivéssemos sempre juntos, caminhando lado a lado. Quando abraçar não é possível, podemos dizer o quanto sentimos falta, ou o quanto amamos a outra pessoa e o efeito é quaaaaaase parecido. hehehe
Entre partidas, esperas e reencontros tenho construído relações muito importantes e sólidas na minha vida. Os que ficam pra sempre, são certamente aqueles que estão com você há qualquer hora, em qualquer lugar, seja em presença, no pensamento ou na vontade. Seja encontrando, seja esperando...São pessoas que querem te fazer feliz, ou simplesmente te ver feliz em algum lugar qualquer.
E por mais que o encontro com todo mundo no Brasil me empolgue loucamente, eu não consigo evitar a tristeza giga-devastadora de ir embora. :( :( :(
Vou deixar isso pra depois.

Beijosss